sexta-feira, 17 de junho de 2011

“Dia D”




Como o blog começou apenas no dia 8 de junho, me passei de destacar uma importante data: o “dia D” em 6 de junho de 1944. O desembarque dos aliados nas praias francesas da Normandia é apontado pelo senso comum como o início do fim da Segunda Guerra Mundial. A partir daí, britânicos e americanos teriam encontrado uma brecha para a contra-ofensiva sobre os nazistas. De fato isso é verdade, pois no ano seguinte as tropas aliadas já estavam em Berlim.

Contudo, o erro ocorre quando imaginamos que o “dia D” foi a única razão para a vitória aliada na Segunda Guerra. Desde o início de 1943, os soviéticos vinham conquistando posições com o sucesso na batalha de Stalingrado. Além de impedir o avanço alemão sobre a URSS, ainda tornou possível uma mudança nas condições da guerra com a primeira derrota nazista na Europa.

Também em 1943 tem início o desembarque de ingleses e americanos na Itália, com rápida vitória dos aliados. Os nazistas restituíram Mussolini no poder, o que resultou na criação da República de Salò. Foi contra esse “Estado fantoche” da Alemanha nazista que os brasileiros lutaram na Segunda Guerra para libertar o norte da Itália.

A necessidade de se abrir mais uma frente de batalha deu-se muito pela pressão soviética e pelas vitórias destes diante das tropas nazistas. A ação foi planejada em segredo desde o final de 1943. Nesse ano, tropas americanas e britânicas passaram a se concentrar no sul da Inglaterra. Tudo indicava que os aliados atacariam via Calais, a cidade francesa mais próxima da ilha britânica.

Ingleses e americanos, porém, preferiram uma região mais ao sul. A meia noite e vinte do dia 6 de junho teve início, por meio de pára-quedistas, a maior operação por água e ar já vista na História. As 6 e 30 começou o desembarque nas praias da Normandia. Ao todo, 2800 navios de guerra, 13 mil aviões e 4 mil veículos de assalto estiveram presentes em 6 de junho de 1944.

O “Dia D” pode não ter sido o início do fim para os nazistas, no sentido de único motivo para isso. Mas foi certamente decisivo para a derrota do Eixo. A Alemanha não suportou dois fronts de guerra, um pelo leste contra a URSS, e outro pelo oeste contra os EUA e Inglaterra, não conseguindo lutar contra estas diversas potências. Com a derrota da Itália, os nazistas perdiam uma parceria, tendo que interceder na região norte do país para conter os aliados. Com isso,pode-se constatar queforam várias as frentes abertas para a libertação da Europa. Em maio de 1945, o III Reich caiu por terra com a entrada dos aliados em Berlim e a capitulação alemã.

Mais do que uma luta por territórios, a Segunda Guerra foi um confronto contra uma política racista e genocida. Além disso, envolvia uma questão patriótica, de povos que foram derrotados e humilhados, como os franceses, se sentiam ameaçados pela expansão nazista, como os ingleses, ou foram invadidos, como os soviéticos.

Duas interessantes cenas sobre o “dia D” estão no filme O Resgate do Soldado Ryan e no segundo episódio da série Band of Brothers, “Day of Days”. O primeiro mostra o ataque por água, e o segundo pelo ar. O interessante é perceber que mais do que atos de heroísmo, nos é apresentado na tela, o desespero dos homens diante dos horrores e da tragédia que é a guerra.


Bibliografia:

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX: 1914-1991.São Paulo, Companhia das Letras, 1995.

RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira. “A Guerra na Europa”. In: PADRÓS, RIBEIRO e GERTZ. Segunda Guerra Mundial: da Crise dos anos 30 ao Armagedon. Porto Alegre, FDH/Palmarinca, 2000.

VICENTIZI, Paulo Fagundes. Segunda Guerra Mundial: história e relações internacionais, 1931-1925. Porto Alegre, Ed. da Universidade/UFRGS, 1989.

VIGEVANI, Túlio. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo, Editora Moderna, 1989.

O dia D em "Band of Brothers - Day of Days":




O dia D em "O Resgate do Soldado Ryan":

Nenhum comentário: